Sobre a cidade de Montreal
Gostei bastante da cidade. Viva, bem estruturada. Com muitas opções de programa culturais e, pra quem gosta (como é o meu caso) há muitas opções de esporte de inverno também. E fiz de tudo um pouco: museu, cinema, biblioteca, igreja, pubs, caminhada, etc. Talvez seja a cidade ideal pra quem vai passar mais tempo, pois são muitos os programas possíveis. Não é tão fácil falar francês nas ruas. Quando os locais notam que quem fala é estrangeiro ou que demonstra alguma dificuldade com o francês, migram para o inglês rapidamente. Mas pros mais caras de pau (como é o meu caso), dá pra insistir e fica tudo certo. Tivesse eu escolhido estudar somente o francês desde o início, penso que a Ville du Québec poderia ser mais atrativa para praticar. Estive lá por um final de semana. Achei as pessoas mais sociáveis e, por ser mais francofônica, o estímulo nas ruas pra quem já tem um certo nível do idioma é maior e mais intenso.
Sobre o curso
Deu sorte (mas também reconheço o mérito) de ter conseguido me preparar um pouco antes de viajar e, com isso, entrar no nível B2 – que corresponde ao último nível oferecido pela escola (até hoje, pois parecem que pensam em abrir turma pro C1). O curso é realmente intensivo e, na minha visão, com uma divisão lógica interessante. Fiz muitas produções escritas, exercícios de compreensão oral, etc. O curso de conversação foi, pra mim, o mais interessante. Além de uma afinidade natural com a professora que o ministrava, foi possível abordar vários tópicos interessantes – mas discutidos em francês – o que deixou o curso bem rico. Tem um aspecto difícil, para o qual não tenho resposta: é evidente a dificuldade maior (e natural) dos estudantes asiáticos com a língua francesa, em função da origem, do vocabulário, das regras gramaticais e de fonética totalmente diferentes. Isso deixa o curso mais lento um pouco, pois do lado oposto os demais alunos conseguiam se desenvolver mais rapidamente pela semelhança da língua, proximidade do alfabeto, etc. Em contrapartida, a diversidade cultural e oportunidade de convívio é bem interessante. Então existe um trade-off aí que quem vai precisa saber se está disposto(a) a aceitar a regra do jogo e seguir assim. O curso é bem francês da França. Penso que faltou uma atenção à fonética do francês quebecois (que é totalmente diferente do francês da França) e também aspectos culturais de lá. Eles recebem uma população muito grande com interesses migratórios, mas tudo é muito voltado para a França. Isso chamou atenção.
Sobre a escola
Da escola, não gostei muito das atividades sociais propostas por eles. Fiz o city tour com um professor-guia improvisado. Foi rápido, informações incompletas e não muito legal. Fomos também uma exposição artística na rua, mas estava dia e o show de luzes começaria 2h depois – o que inviabilizou ficar lá. Fiz o snowboard com a empresa parceira, esse foi o único que valeu a pena. Depois disso saí por conta própria e acabou sendo melhor assim. Quanto à estruturada, o wifi é realmente péssimo. Fiquei seis semanas e estava sempre em “manutenção”. Várias vezes precisava acessar vídeos sugeridos pelos professores, mas não funcionava. Deu uma impressão danada de gambiarra que não teve, até meu último dia, uma solução definitiva. No meu caso, que optei por não comprar um chip canadense nesse período, ficou complicado. De toda forma, a escola apresenta um bom refeitório, um bom laboratório de informática e está super bem localizada.
Sobre a família d’accueil
Eles foram simpáticos comigo, nada a reclamar nesse sentido. É uma vantagem grande não precisar cozinhar, principalmente fazendo o curso intensivo – que ocupa boa parte do dia. Mas não achei que valeu a pena por dois aspectos: primeiro, não há tanto oportunidade de conversar (ao menos no meu caso, não foi assim). Segundo, acabei ficando um pouco distante. Precisava de 1h por trecho entre casa-escola ou escola-casa e penso que por esse valor poderia ter ficado melhor localizado. Mas são coisas que a prática nos ensina. Nunca tinha feito isso e queria ter a experiência, então de toda forma valeu.
Penso que meu francês realmente evoluiu bastante nesse período, tanto fazendo uma autocrítica quanto considerando os feedbacks recebidos. Eu e a Carol estamos considerando inclusive o processo migratório, por acreditar que lá seria um lugar ótimo para ter, criar e educar os filhos que queremos ter hehe.
Quero agradecer pelo suporte e atenção nesse período e por nos ajudar na escolha da escola, pois é muito difícil tomar essa decisão desconhecendo totalmente o país, a língua, etc.