Por ser o filho mais novo tive a oportunidade de conviver com o intercâmbio quando meus irmãos foram para Londres. Ainda era criança e já tinha como sonho realizar minha própria experiência fora do Brasil. Em 2003, quando tinha 21 anos, chegou minha vez e acabei optando pela Austrália. Meu objetivo era aprender inglês e fui muito focado nisso. Meus pais tinham me ajudado financeiramente com as passagens, escola, casa de família por 1 mês e ajuda de custos pelo período de 3 meses. O resto seria por minha conta e logo no início já percebi que a experiência do intercâmbio abrangeria muito mais aprendizado que o idioma.
A ideia inicial seria de ficar fora pelo período de 6 meses da mesma forma que meus irmãos fizeram, porém minha vontade sempre foi de ficar por no mínimo 1 ano. Busquei isso logo no segundo mês de de viagem quando comecei a trabalhar de entregador de pizza. Juntei dinheiro não só para renovar meu visto através de um novo curso, como também para me manter na casa de família por mais 2 meses. Assim me obriguei a praticar o idioma não só nas aulas, mas durante todo o meu dia.
No fim das contas o intercâmbio que seria de apenas 6 meses acabou virando de 2 anos. Considero esse período como sendo um dos mais importantes da minha vida. Consegui conquistar a fluência do idioma (meu objetivo inicial), mas muito mais do que isso, evolui como ser humano. Conviver com pessoas das mais diversas culturas, ter autonomia financeira ainda jovem, tomar decisões por conta própria, lidar com os mais diversos sentimentos sem amparo familiar, foram algumas situações que me fizeram crescer.
Quando retornei ao Brasil tive a oportunidade de trabalhar em agência de intercâmbio. São mais de 8 anos vivenciando o dia a dia de intercambistas. Ajudar na realização de sonhos de pessoas é o que mais me motiva hoje em dia. É muito valoroso preparar as pessoas com essa experiência tão rica, de tantas coisas boas, mas também de muitos desafios, pois como qualquer mudança sair da “zona de conforto” faz parte de qualquer intercâmbio. Meu maior desafio hoje é preparar as pessoas para isso e, muito importante, tentar entender o verdadeiro perfil do cliente para montar o intercâmbio mais próximo possível dos valores e metas de cada um.
